quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Preparo dos professores para o uso das tecnologias de informação

A implantação de laboratórios de informática em todas as escolas públicas do país até o fim de 2010, prometida pelo governo Lula, esbarra no despreparo dos professores para usar o computador e na falta de manutenção dos equipamentos e das instalações, responsabilidade de Estados e municípios.
Desde 1997, o ProInfo (programa de informatização das escolas, do Ministério da Educação) já investiu R$ 726 milhões. Os gastos crescem anualmente. Só no ano passado, eles chegaram a R$ 317 milhões (1% do orçamento do MEC).
O percentual de escolas públicas com laboratório de informática também cresceu. De 1999 a 2006, passou de 46% para 63% no ensino médio e de 8% para 19% no fundamental.
A falta de qualificação dos professores, porém, coloca em risco o investimento feito, diz Flávio de Araújo Barbosa, presidente para a Região Nordeste da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação.
Por duas semanas, a Folha entrevistou diretores de escolas em nove Estados para avaliar a utilização dos laboratórios. A maioria das escolas relata subutilização de equipamentos, seja por falta de conhecimento técnico do professor para orientar alunos, seja porque as máquinas estão danificadas ou são insuficientes. Até professores com pós-graduação se dizem despreparados para usar a informática no ensino. Grande parte dos professores não tem computador em casa, o que os distancia ainda mais da tecnologia. Várias escolas têm computadores novinhos e praticamente sem uso porque os professores não sabem usá-los como ferramentas de ensino.
Em Irecê, no sertão baiano, o Colégio Modelo Luiz Eduardo Magalhães, com 1.400 alunos, recebeu 21 computadores em 1999. A diretora, Gilma Flávia, afirma que os professores fizeram capacitação, mas isso pouco adiantou porque "os computadores viraram dinossauros". O laboratório está fechado desde o final do ano passado.
Sobre a falta de manutenção dos equipamentos e instalações, o secretário argumenta que o governo federal não tem condições de contratar um técnico para cada escola, e que isso cabe aos Estados e municípios.
Não tenho a menor dúvida de que só vamos colocar esse sistema funcionando perfeitamente ser houver uma onda, uma maré positiva, com todos os atores envolvidos, afirma o secretário.

Acredito que esses problemas podem ser amenizados, utilizando ações muito simples. São casos de escolas que, apostando no potencial dos alunos e professores, conquistaram grandes mudanças.
Na Escola Estadual Maria Dulce Mendes, de São Vicente, a busca por um ensino de qualidade em informática sempre foi prioridade. Motivados pela postura da escola, os alunos que dominam o uso dessas tecnologias, ofereceram-se para cuidar do laboratório da escola, responsabilizando-se pela organização do horário de funcionamento, realização de projetos e até mesmo pela montagem do site da escola na internet. 
A monitoria do laboratório pode também oferecer treinamento a alunos e professores que têm dificuldade com as máquinas, através de um programa que pode ser chamado de “Aluno Monitor”.
Segundo depoimento da direção da Escola Estadual Maria Dulce, "Os professores que ainda tinham dificuldade ou medo de usar as máquinas se sentiram mais confiantes. Os monitores também ajudaram com a organização e a utilização racional do espaço".

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